PESQUISAR

A Religião Cristã e o Espírito de Luta - Cláudio de Cicco

1ª QUESTÃO: É A RELIGIÃO CRISTÃ COMPATÍVEL COM O ESPÍRITO DE LUTA?

Antes de abordarmos a matéria da instituição de uma organização ao mesmo tempo religiosa e militar, é preciso reconhecer que hoje estamos totalmente despreparados para compreender o ideal almejado, por dois motivos principais:

a) Primeiro, porque nossa cultura está impregnada de uma visão romântica da religião;

b) Em segundo lugar, porque o Concílio Vaticano II e a Reforma da Liturgia retiraram completamente qualquer alusão à militância ou agressividade das antífonas, orações e hinos recitados durante quase dois mil anos pela Igreja Católica Romana.

A Igreja sempre ensinou que a verdadeira santidade é o heroísmo na prática das virtudes. A honra dos altares não é concedida às almas hipersensíveis, sentimentais, fracas, que fogem do sofrimento, da luta, da Cruz. Lembrada da palavra de seu Divino Fundador, "o Reino dos Céus é dos violentos", a Igreja só canoniza os que em vida combateram bravamente o bom combate, sacrificando tudo para seguir tão somente a Nosso Senhor Jesus Cristo. Na realidade, a santificação implica no maior dos heroísmos, pois supõe não só a resolução firme e séria de sacrificar a vida se preciso for, para conservar a fidelidade a Jesus Cristo.

No entanto, não é o que parece, se olharmos para a maioria dos “santinhos” e imagens que ornam as igrejas: os Santos nos são apresentados como pessoas moles, sentimentais, sem personalidade nem força de caráter, incapazes de idéias sérias, sólidas, coerentes, almas levadas apenas por suas emoções, e, pois, totalmente inadequadas para as grandes lutas que a vida terrena traz sempre consigo.

Vejamos alguns exemplos típicos de Santos e Santas representados em estampas que correm mundo.
Santa Terezinha do Menino Jesus:

É claro que isso não atrai as pessoas que, por sua forte personalidade e dons de liderança não se identificam com tais amostras de “ideal humano”.

Felizmente para nós, esta Santa foi fotografada várias vezes por sua irmã Celina (Irmã Genoveva da Santa Face):

Esta fisionomia revela uma tranquilidade profunda, mas o olhar tem uma firmeza, uma energia, sua expressão revela uma harmonia que só as almas de uma grande força de vontade possuem. Segura o ramo de lírio, poderia estar empunhando uma espada, ela que confessa em sua “História de uma Alma” que teve sempre enorme atração por Santa Joana d’Arc.

Outro Santo bastante mal representado pela iconografia é o célebre aluno de São João Bosco, São Domingos Sávio:


Pureza, gentileza, sim, mas também algo de muito frágil... Bem diferente da foto verdadeira:


Maquiado para ser “jovial”, perdeu-se sua profunda seriedade de expressão, própria de um menino cujo lema foi “Antes morrer que pecar”.

Pobre São Luís Gonzaga:


A cabeça inclinada da primeira imagem contrasta com a altivez da segunda pintura, esta autêntica. Em suma, São Luíz Gonzaga foi um santo que teve a força de alma de ser puro e casto em uma corte poluída do Renascimento. Qual fisionomia nos revela esta fortaleza cristã?

c) Como se não bastasse todo o romantismo herdado do século XIX, ainda houve o abandono total de toda herança litúrgica que pudesse lembrar a combatividade, por parte da Reforma Litúrgica do Concílio Vaticano II. Alguns exemplos colhidos pelo célebre liturgista Dom Edouard Guillou: a oração antiquíssima:

"Hostium nostrorum... elide superbiam: et
eorum contumaciam dexteroe tuoe virtute prosterne". (De
nossos inimigos... afasta a soberba: e sua insistência a
virtude de tua destra esmague.) foi totalmente suprimida.
"A Igreja não tem mais inimigos...!”

"Per signum Crucis de inimicis nostris liber
 nos, Deus noster..." (Pelo sinal da Cruz, de nossos
inimigos livra-nos Deus nosso”.

Substituída por:

“Ao serdes exaltado na Cruz, Jesus, atraí a todos.”

Para que? Para retirar o caráter combativo antigo do ”novo catolicismo”. Os exemplos são inúmeros, pois era de se esperar isso mesmo, por parte do ecumenismo que leva ao diálogo como o de Assis, em que o papa João Paulo II orou com todos os líderes de todas as religiões inclusive a budista que não acredita em um Deus, pela paz no mundo.

(Fragmento do texto "A IGREJA CATÓLICA, AS ORDENS DE CAVALARIA E OS TEMPLÁRIOS", por Cláudio de Cicco)
Fonte: FSSPX